FACULDADE CENECISTA DE OSÓRIO
METODOLOGIAS INVESTIGATIVAS
PROFESSORA: ELIANE SCHNEIDER
ACADÊMICAS: ANA CLÁUDIA, ÂNGELA, ADRIANA, FERNANDA, GEIZA E SABRINA
Este trabalho destina-se ao estudo da língua materna e da ortografia, tendo como finalidade apresentar o que é importante ser trabalhado na escola e de que formas é possível colocar em prática os conceitos considerados fundamentais a serem construídos pelos alunos.
Segundo os PCNs da Língua Portuguesa (2000) o domínio da língua, oral e escrita, é fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o sujeito se comunica, tem acesso à informação, expressa e defende pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo, produz o conhecimento.
Neste sentido, deve haver um comprometimento da instituição escolar e dos professores, em garantir a todos os alunos o acesso aos saberes linguísticos necessários para o exercício da cidadania.
A sociedade atualmente é multicultural, o que torna inviável a padronização da língua como algo que se possa formatar ou moldar, pois a língua é o reflexo de um povo, de sua história, da cultura, das práticas sociais.
Definida como um sistema de signos histórico e social, a língua permite ao homem significar o mundo e a realidade. Aprendê-la é aprender além das palavras, pois a mesma traz consigo os significados culturais e com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio social entendem e interpretam a realidade e a si mesmas. (PCNs, 2000).
No Brasil, a Língua Portuguesa é composta por uma variedade de dialetos característicos de cada região e das influências culturais. Essa variedade de dialetos tem sido alvo de preconceitos linguísticos decorrentes do valor social que lhes são atribuídos.
O problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às falas dialetais deve ser enfrentado, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo de educação para o respeito à diferença, colocando um ponto final em mitos que têm sido difundidos geração após geração, tais como: o de que “existe uma maneira certa de falar, o de que a escrita é o espelho da fala, etc.” (PCNs,2000).
A preocupação da escola deve centrar-se na reflexão das maneiras de falar e escrever conforme o contexto de comunicação utilizado, ensinando o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas situações comunicativas, inclusive nas mais formais. Não se trata de falar certo ou errado, mas de saber qual a forma de fala a utilizar considerando as características do contexto de comunicação, é saber quais variedades e registros da língua oral são pertinentes em função da interação comunicativa, do contexto e dos interlocutores a quem se dirige (PCNs, 2000).
Ao trabalhar o ensino aprendizagem da Língua Portuguesa na escola é preciso considerar três pontos fundamentais, que constituem uma tríade resultante da articulação entre aluno, a língua e o ensino.
O aluno é o sujeito da ação de aprender, aquele que age sobre o objeto do conhecimento. O objeto do conhecimento é a Língua Portuguesa, como se fala e se escreve fora da escola, a língua que se fala em lugares públicos e a que existe nos textos escritos que circulam socialmente. O ensino, por sua vez, é concebido como a prática educacional que organiza a mediação entre sujeito e objeto do conhecimento (PCNs, 2000).
Para essa mediação se realizar de forma completa, o professor deve assumir o compromisso de planejar, organizar e direcionar atividades didáticas com a intenção de despertar, apoiar e orientar o esforço de ação e reflexão do aluno.
Considerando os PCNs da Língua Portuguesa (2000), a prática de análise e reflexão sobre a língua permite que se explicitem saberes implícitos dos alunos, abrindo espaço para sua reelaboração. Ela implica uma atividade permanente de formulação e verificação de hipóteses sobre o funcionamento da linguagem que se realiza por meio da comparação de expressões, da experimentação de novos modos de escrever, da atribuição de novos sentidos a formas linguísticas já utilizadas, da observação de regularidades e irregularidades no funcionamento da linguagem.
De acordo com os PCNs (2000) os objetivos de Língua Portuguesa para o primeiro ciclo salientam que os alunos sejam capazes de: compreender o sentido nas mensagens orais e escritas, ler textos de diferentes gêneros, utilizar com eficácia a linguagem oral em diversas situações comunicativas, respeitando os diferentes modos de falar, produzir textos coerentes e de vários gêneros preocupando-se com a forma ortográfica.
No segundo ciclo, os objetivos enfatizam que os estudantes possam: compreender o sentido nas mensagens orais e escritas, reconhecendo sua intencionalidade, ler autonomamente diferentes textos de diferentes gêneros, expressar ideias e sentidos por meio da linguagem, utilizar com eficácia a linguagem oral, apresentando argumentos e defendendo pontos de vista, produzir textos escritos coesos com domínio da norma ortográfica.
Entretanto, conforme os PCNs da Língua Portuguesa (2000), geralmente, a ortografia na escola é trabalhada mecanicamente através da repetição de regras, tornando este aprendizado cansativo e desgastante para o aluno. No entanto, ela não é um processo passivo, mas uma construção individual que precisa da intervenção pedagógica.
Para Morais (1998), a ortografia funciona como recurso capaz de ‘cristalizar’ na escrita as diferentes maneiras de falar dos usuários de uma mesma língua, ao aprender ortografia, a pessoa não atua de modo passivo, mas reelabora mentalmente as informações que recebe do meio sobre a forma correta das palavras.
O ensino sistemático de ortografia é apenas uma estratégia a mais para avançarmos na perspectiva de formar leitores e produtores de textos reais. Quando ajudamos o aluno a internalizar a norma ortográfica como um objeto de conhecimento, como uma faceta da língua que ele pode desvelar a partir da reflexão, estamos contribuindo para democratizar o acesso ao mundo da escrita (MORAES, 1998).
Além disso, o trabalho com a normatização ortográfica deve estar contextualizado, basicamente, em situações em que os alunos tenham razões para escrever corretamente, em que a legibilidade seja fundamental porque existem leitores de fato para a escrita que produzem. O professor deve ser um investigador desse processo, compreendendo quais são as ideias que seus alunos possuem sobre a língua para poder organizar o trabalho pedagógico levando-as em consideração. (PCNs, 2000).
Para Zabala (2002), as salas de aula devem ser espaços de debate, construção, descobertas, de aprender fazendo, onde os alunos possam desenvolver habilidades e competências necessárias para enfrentar os problemas da vida e que o professor seja capaz de provocar a curiosidade, a investigação nos alunos.
Tentando construir este ambiente, definiram-se mais alguns objetivos e metodologias visando desenvolver conceitos fundamentais que abrangem o ensino da língua materna e da ortografia nos anos iniciais do ensino fundamental.
São objetivos gerais do ensino de Língua Portuguesa para o ensino fundamental segundo os PCNs:
*expandir o uso da linguagem em instâncias privadas e utilizá-las com eficácia em instâncias públicas, sabendo assumir a palavra e produzir textos- tanto orais como escritos- coerentes, coesos, adequados a seus destinatários, aos objetivos a que se propõem e aos assuntos tratados;
*utilizar diferentes registros, inclusive os mais formais da variedade linguística valorizada socialmente, sabendo adequá-los as circunstâncias da situação comunicativa de que participam;
*conhecer e respeitar as diferentes variedades linguísticas do português falado;
*compreender os textos orais e escritos com os quais se defrontam em diferentes situações de participação social, interpretando-os corretamente e inferindo as intenções de quem os produz;
*valorizar a leitura como fonte de informação, via de acesso aos mundos criados pela literatura e possibilidade de fruição estética, sendo capazes de recorrer aos materiais escritos em função de diferentes objetivos;
*utilizar a linguagem como instrumento de aprendizagem, sabendo como proceder para ter acesso, compreender e fazer uso de informações contidas nos textos: identificar aspectos relevantes; organizar notas; elaborar roteiros; compor textos coerentes a partir de trechos oriundos de deferentes fontes; fazer resumos, índices, esquemas, etc.;
*valer-se da linguagem para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, experiências, ideias, opiniões, bem como de acolher, interpretar e considerar os dos outros, contrapondo-os quando necessário;
*usar os conhecimentos adquiridos por meio da prática de reflexão sobre a língua para expandirem as possibilidades de uso da linguagem e a capacidade de análise crítica;
*conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia.
Abaixo segue ainda os principais conceitos a serem desenvolvidos no 1ª ciclo e 2º ciclo do ensino fundamental:
Com relação ao 1º ano do 1º ciclo:
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Oral:
-ampliação do vocabulário
-clareza e fluência oral;
-compreensão oral
-organização do pensamento;
-sensibilização a práticas culturais diversas;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-proporcionar possibilidades de dramatização;
-estimular e oportunizar narrativas e descrição de fatos do cotidiano;
-propiciar momentos em que o aluno possa falar em público: entre seus pares, colegas de turma, outros adultos;
-propiciar momentos de escutas musicais;
-explorar rimas, ritmos, trava-línguas, parlendas;
-reconhecer e respeitar a diversidade linguística e de práticas culturais;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Escrita:
-função social da escrita;
-alfabeto e compreensão da escrita alfabética;
-convenções da escrita;
-relação grafema – fonemas;
-consciência fonológica;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-explorar e registrar os diferentes suportes de textos e gêneros textuais;
-reconhecer e utilizar os diversos tipos de letras: script, cursiva, maiúscula e minúscula;
-compreender e utilizar as convenções da escrita: da esquerda para a direita e de cima para baixo;
-escrever palavras significativas, associando-as a uma figura referência;
-construir alfabetos temáticos;
-explorar sons e representação da letra;
-explorar o som das sílabas;
-escrever textos coletivos;
-escrever, com ou sem, a intervenção do professor;
-Ler imagens;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Leitura:
-interpretação de imagens;
-produção de imagens a partir de textos;
-interação com os diferentes tipos de textos;
-reconhecimento global das palavras;
-leitura provocativa de sensibilização e prazer;
-vivências em espaços culturais diversificados: feira do livro, livrarias, biblioteca, etc.
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-ler os diversos tipos de letras;
-perceber e apropriar-se da biblioteca como espaço cultural e lúdico;
-reconhecer os diferentes gêneros textuais;
-ler palavras contextualizadas;
-proporcionar leituras instigadoras da ludicidade leitora;
-proporcionar diversos espaços de aprendizagem;
Com relação ao 2º ano do 1º ciclo
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Oral:
-expressão oral;
-interpretação oral;
-expressão e verbalização de ideias com clareza e sequências;
-criação e relato de histórias orais, individuais e coletivas;
-apreciação musical;
-respeito aos interlocutores e suas manifestações culturais e linguísticas;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-refletir sobre a pragmaticidade da escrita;
-expressar opiniões, emoções, hipóteses com clareza e coerência;
-apreciar e usar os diferentes portadores de gêneros textuais;
-produzir textos orais, recontando e inventando, ou reinventando historias;
-Relatar histórias e acontecimentos, transmitir recados com coerência e sequência, oriundos da mensagem ouvida;
-apreciar diferentes gêneros musicais;
-respeitar a diversidade linguística;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Escrita:
-apropriação e uso da escrita alfabética;
-escrita com letras, maiúscula e minúscula e domínio dos aspectos gráficos e sonoros;
-aspectos topológicos do traçado das letras;
-escrita e estrutura de palavras, frases e textos;
-pontuação;
-produção individual e coletiva de textos;
-escrita e reescrita de histórias;
-diversos portadores de textos;
-representações lúdicas de escrita;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-reconhecer a função social da escrita;
-analisar aspectos gráficos, topológicos e morfológicos de cada letra;
-identificar símbolos como formas de representação;
-descobrir e organizar informações sobre o alfabeto e seu uso;
-escrever, observando o espaço e direção adequados;
-memorizar palavras significativas;
-identificar e escrever letras maiúsculas e minúsculas;
-juntar, combinar, e comparar sílabas dentro da palavra;
-ler e escrever palavras, frases e textos;
-apropriar-se do sistema alfabético na escrita e reescrita de textos;
-explorar diferentes gêneros textuais, percebendo as peculiaridades;
-perceber nos sinais de pontuação possibilidades interpretativas;
-escrever observando a direcionalidade espacial das frases e dos textos;
-utilizar os diferentes portadores de texto;
-reconhecer nas diferentes linguagens a possibilidade de expressar as ideias sobre os fatos, acontecimentos e histórias ouvidas;
-perceber as linguagens como possibilitadoras de expressões lúdicas;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Leitura:
-Leitura de palavras, frases e textos (verbais e não verbais explorando diferentes aportes);
-compreensão de ordens, enunciados e histórias;
-depreensão do sentido global;
-inferências textuais;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-estimular a leitura diária como fonte permanente de prazer;
-propiciar situações constantes de leitura;
-perceber a função social da leitura;
-possibilitar a leitura de diferentes gêneros de textos;
-organizar, histórias de maneira sequencial;
-explorar textos que possibilitem inferências;
Com relação ao 3º ano do 1º ciclo
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem oral:
-Escuta, compreensão e identificação de diferentes gêneros textuais;
-relato de experiências: reconto de histórias com logicidade de ideias;
-produção e interpretação oral de texto;
-interlocução e respeitabilidade aos falantes;
-ampliação do vocabulário;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-proporcionar leituras que contemplem a variedade de gêneros textuais;
-recontar histórias oralmente e fazendo inferências;
-participar de intercâmbio oral, ouvindo, perguntando e manifestando opiniões sobre o assunto abordado;
-produzir textos individuais e coletivos;
-interpretar, possibilitando a subjetivação dos falantes;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem escrita:
-ordem alfabética e sua utilização no cotidiano;
-escrita ortográfica;
-escrita de gêneros textuais;
-utilização dos diversos tipos de pontuação;
-variações gramaticais, sem nomeação das respectivas nomenclaturas;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-utilizar letras maiúsculas no inicio de frases, parágrafo e nome próprio;
-escrever ortograficamente;
-explorar o uso do dicionário;
-produzir textos, refletindo sobre a escrita ortográfica;
-utilizar a linguagem escrita adequando-a as intenções e situações propostas;
-ampliar o vocabulário, etc.
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Leitura:
-leitura individual e coletiva;
-leitura de diversos gêneros de textos;
-ampliação do vocabulário;
-leitura instigadora do prazer estético;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-apreciar e ler diferentes gêneros textuais;
-repensar a leitura como processo dinâmico e lúdico;
-realizar leitura, individual e coletiva, observando a entonação;
-respeitar o processo cognitivo de cada leitor, observando a individualidade e a ludicidade;
Com relação ao 1º ano do 2º ciclo
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Oral:
-escuta atenta e compreensiva;
-expressão oral;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-contar oralmente histórias a partir de textos lidos;
-utilizar a linguagem oral com eficácia sabendo adequá-la as intenções e situações comunicativas; etc.
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Escrita:
-produção textual com coerência e coesão;
-escrita ortográfica;
-variações gramáticas, sem nomeação das respectivas nomenclaturas;
-sinais de pontuação;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-escrever ortograficamente;
-produzir textos com coerência, coesão e pontuação adequada;
-identificar variações gramaticais em textos lidos e produzidos;
-classificar as palavras quanto ao numero de silabas e tonicidade;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Leitura:
-leitura, observando o ritmo, a pontuação e a entonação de voz;
-estudos de obras literárias;
-leituras, instigadora do prazer estético;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-ler com compreensão, fluência e entonação, respeitando a pontuação;
-localizar informações, implícitas e explicitas em um texto;
-possibilitar a leitura deleite com ênfase em textos literários, etc.
Com relação ao 2º ano do 2º ciclo
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem oral:
-escuta atenta e compreensiva;
-expressão oral;
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-participar de situações de intercambio oral, formulando e respondendo perguntas;
-utilizar a linguagem oral com propriedade adequando as intenções e situações comunicativas;
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Linguagem Escrita:
-produção textual com coerência e coesão;
-escrita ortográfica;
-escrita e observação da estrutura textual: parágrafo, margens, título, letras maiúsculas ou minúsculas e pontuações, etc.
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-escrever ortograficamente;
-compreender a função social da leitura e da escrita;
-utilizar conhecimentos gramaticais nas produções escritas e orais, etc.
Possibilidades de aprendizagem/conceitos Leitura:
-estudo de obras literárias;
-leitura e interpretação de diferentes gêneros textuais;
-leitura instigadora do prazer estético, etc.
São estratégias para alcançar tais conceitos:
-ler com compreensão, fluência e entonação, observando a pontuação;
-possibilitar a leitura deleite com enfoque nos textos literários;
-localizar informações implícitas e explicitas em textos, fazendo inferências;
Teóricos que abordam a ortografia e língua materna
O QUE ENSINAR E COMO ENSINAR
A elaboração de textos espontâneos é uma forma eficaz de introduzir a ortografia desde cedo no ensino da língua materna. Para tanto o professor deve estar capacitado para entender as variações linguísticas existentes no seu ambiente escolar. Alguns erros muitas vezes considerados graves, são reflexos de modos de falar relacionados ao ambiente em que o aluno pertence. Cagliari (2009) aponta que desde a alfabetização a produção de textos pode ser utilizada como forma de incentivar os alunos à leitura e a escrita. Demonstra que a criação de livrinhos, jornal da classe, revistas em quadrinhos, propagandas fictícias, encenações de peças de teatro, concluindo o autor reforça que “a escola deve imitar a vida e o professor deve lançar mão de inúmeras manifestações que requerem a produção de textos, as quais propiciam uma prática mais significativa e interessante para os alunos”. (CAGLIARI, 2009, p. 212)
Luciana Piccoli e Patrícia Camini em seu livro Práticas Pedagógicas em Alfabetização: espaço, tempo e corporeidade, sugerem diversas atividades que auxiliam no aprendizado da ortografia:
*No caso das regularidades ortográficas, propor situações para que as crianças analisem palavras em fichas, compondo grupos com elas e, a partir dos critérios de agrupamento, nomeiem o “segredo” que as reúne e formulem a regra que se aplica de forma consistente em cada caso de uso da letra sob estudo. Após o registro do segredo e das regras construídas pelos alunos expor o material em painéis como fonte de consulta.
Ex.: Regularidade contextual R/RR, em que é necessário atentar para a posição da letra na palavra e seu respectivo valor sonoro:
Palavra com R inicial
|
Palavras com R som fraco
|
Palavras com R som forte
|
Palavras com RR
|
rã
|
aranha
|
enroscar
|
cachorro
|
rato
|
coragem
|
honra
|
Terra
|
remo
|
carinho
|
enrolar
|
Ferro
|
Ricardo
|
fera
|
Henrique
|
Torrada
|
Usamos R no início das palavras.
|
Usamos R entre as vogais quando o som for fraco.
|
Usamos R após consoante quando o som for forte.
|
Usamos RR entre vogais quando o som for forte.
|
Ex.: a partir da leitura e exploração do poema “Maluquices do H”, de Pedro Bandeira, que brinca com pares de palavras a partir da inclusão de tal consoante, propor a descoberta das palavras que completam a segunda coluna. Questionar, depois, o que as palavras da segunda coluna têm em comum (a letra H), a composição da sílaba (consoante + H + vogal). Reler o poema e identificar a ´nica palavra em que a letra H aparece em outra posição (no início da palavra HORA) e o som produzido (apenas a vogal O).
Sem H
|
Com H
|
sono
|
sonho
|
galo
| |
vela
| |
fila
| |
bola
| |
bico
|
Atividades propostas
Segundo o dicionário ortografia é “s.f. Parte da gramática que ensina a escrever corretamente as palavras. A maneira de escrever as palavras; talhe de letra; grafia”. Partindo deste princípio as atividades propostas foram selecionadas de forma que auxiliem o aluno a aprender de maneira lúdica pretendendo assim que o aprendizado seja permanente e não algo memorizado simplesmente sem que o conhecimento seja construído.
Sendo assim para que nossas crianças aprendam com significado, seguem algumas sugestões de atividades:
A primeira atividade proposta é o Dominó do Singular e Plural que consiste em através de recurso pedagógico dos jogos estimular a vontade de aprender e fixar o que precisa ser aprendido. Distribui-se uma folha fotocopiada para cada aluno para que ele tenha seu próprio jogo e possa colorir a seu gosto. Sugere-se que um dos alunos guarde o seu jogo e incentiva-se o jogo em duplas. Com as mesmas regras do jogo de dominó, adaptando as partes com um lado da peça do dominó com o singular e a outra com o plural. Vence quem conseguir terminar primeiro as peças corretamente. Pode ser adaptada para outras regras ortográficas como masculino e feminino, substantivos coletivos, aumentativo e diminutivo, entre outras. Segue a foto da atividade.
A segunda atividade consiste na Gincana da Ortografia. Baseia-se em uma trilha com numeração de 1 a 30, que relaciona cada número a uma pergunta que é sorteada através de dado. A cada rodada é lançado o dado e o número corresponde a uma pergunta que se respondida corretamente permite que o aluno siga para a casa indicada. Sugere-se a divisão da turma em duas equipes e a escolha de dois capitães de equipe que a representará. Segue a foto da atividade
A terceira atividade é Jogo da Ortografia: Em trios, os alunos receberão um conjunto com 10 palavras e cartelas com letras. Ex.: s, ç, ss, x, ch.
Ambas devem ficar agrupadas e viradas para baixo. As palavras são escritas com a ausência de uma letra. Ex. REDA....ÃO.
Um aluno será o mestre, recebendo uma cartela com as palavras escritas corretamente. Os alunos combinam a ordem das jogadas. Cada aluno da dupla retira uma cartela com uma letra, guardando-a na mão.
Para iniciar, o aluno desvira uma palavra, se ela for escrita com a letra que o colega tem na mão, o aluno ganha a letra para si. Caso contrário, tentará novamente após a jogada de seu colega. Entre as duplas as jogadas devem ser alternadas.
O objetivo é mostrar ao colega uma palavra que seja escrita com a letra que ele possui o que garantirá a posse da cartela da letra. Quando tiver a letra conquistada, o aluno devera pegar outra no centro da mesa, continuando o jogo. Vence quem tiver mais cartilhas.
A quarta sugestão de atividade é Construindo um dicionário:
Inicialmente fazer a Contação da história Diversidade de Tatiana Belink ou outra que a turma goste.
Primeiramente distribuir as crianças dicionários para que manuseiem e explorem. Após, conversar sobre o que eles acham que está escrito ali, para que serve, no que pode nos auxiliar, etc.
Depois serão distribuídas as partes da história, uma parte para cada aluno.
As crianças deverão ler e registrar a palavra da história em uma folha que depois será anexada ao dicionário criado pela turma. As folhas deverão conter as letras iniciais das palavras selecionadas e as palavras que não conhecem. Deverá haver ainda, um espaço a baixo para escrever o significado da forma como as crianças entenderam.
Cada criança registrará sua palavra devendo mostrar e ler a mesma para seus colegas. Feito isso, deve-se procurar no dicionário o significado para a mesma. Depois de compreender o significado, o aluno deverá registrar com suas palavras o que entendeu.
A ideia é que ao final, se tenha um grande dicionário dessas palavras que os alunos não conhecem. O mesmo deverá ficar a disposição na sala para anexar mais palavras e para que as crianças sempre possam manusear quando tiverem dúvidas.
A quinta atividade é um bingo das dificuldades:
Deve-se jogar individualmente, ao sorteio de cada palavra feito pelo professor, o aluno que tiver a palavra sorteada deve marcar em sua cartela. Vence o aluno que completar as palavras primeiro em sua cartela.
O modelo de cartela pode ser o utilizado a baixo.
ACESSÍVEL
|
ADMISSÃO
|
TOSSE
|
CABEÇA
|
ESPELHO
|
FRONHA
|
REFERENCIAS
CAGLIARI, Luís Carlos. Alfabetizando sem o bá-bé-bí-bó-bu. São Paulo, Scipione, 2009.
MORAIS, Artur Gomes de. Ortografia: ensinar e aprender. São Paulo: Ática, 1998.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. – 2 Ed. Rio De Janeiro: DP&A, 2000
PICCOLI, Luciana; CAMINI Patrícia. Práticas Pedagógicas em Alfabetização: espaço, tempo e corporeidade. Erechim, Edelbra, 2012.
ZABALA, Antoni. Enfoque globalizador e pensamento complexo: uma proposta para o currículo escolar. Porto Alegre: Artmed, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário